Estratégias para vencer num mercado global dinâmico
Moçambique possui a maior dívida soberana em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) de mais de 100 por cento, na região austral de África, superando o Zimbabwe, com 84.2 por cento, a África do Sul, com 51.7 por cento, e o Botswana, com 22.8 por cento.
Estes dados foram revelados, recentemente, em Maputo, por Sola David-Borha, CEO para o continente africano do Grupo Standard Bank, na sua apresentação, como oradora do painel sobre “Qual é o futuro de Moçambique?: Estratégias Económicas Fundamentais para Prosperar num Cenário Global Dinâmico”, na 2ª edição da cimeira da Financial Times em Moçambique.
Moçambique, segundo sustentou Sola David-Borha, é, nos últimos tempos, a primeira nação africana que não consegue cumprir com as suas obrigações para com credores internacionais.
“Entretanto, existe ainda uma esperança para Moçambique, neste período turbulento, uma vez que cerca de 20 biliões de barris de gás natural foram descobertos na sua costa, cuja exploração poderá acrescentar 39 biliões de dólares norte-americanos na sua economia até 2035”, referiu.
Trata-se de mais de 180 tcf (triliões de pés cúbicos) de reservas de gás natural na bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado, a serem exploradas pela Anadarko, dos Estados Unidos, e a ENI, da Itália, que podem tornar Moçambique o próximo centro de petróleo e gás no mundo.
Na opinião de Sola David Borha, as oportunidades de investimento em Moçambique não devem parar por aí, pois existem alguns sectores nos quais vale a pena investir, nomeadamente agronegócio e infraestruturas.
Enquanto que no sector de infraestruturas requer-se, nos próximos tempos, uma construção contínua, de novos edifícios e meios de transporte, incluindo estradas, no agronegócio existe um grande potencial dada a existência de grandes áreas de terra arável que não estão a ser utilizadas (85% de acordo com o Centro de Promoção Agrícola).
“O País continua a importar mais do que exporta em vários sectores agrícolas e tem o terceiro maior consumo de arroz na SADC, sendo a maior parte importada”, disse a painelista, acrescentando que a capacidade de transporte e logística continua a ser um grande desafio no País.
Como estratégias para avançar neste cenário global dinâmico, a CEO para o continente africano do Grupo Standard Bank apontou a necessidade de restaurar a confiança com os parceiros de cooperação e a implementação de políticas fiscais estáveis, para permitir que haja um ambiente favorável de negócio.
A implementação de políticas fiscais prudentes para estimular o crescimento económico, a revisão das políticas monetárias para estimular o crescimento e a estabilidade, a remoção de barreiras e de regulamentos desnecessários e a abertura do mercado para investidores estrangeiros, constam ainda das recomendações feitas por Sola David-Borha.