Musical dos 130 anos

TÍTULO DO MUSICAL: SINAIS DO TEMPO - “A CASA AZUL”
MÚSICA: Celebração
AUTOR - ZÉ PIRES
ACTO 0 - VISÃO
(NARRADOR)
Quando se fala de visão, qualquer pessoa normal prende-se à simples beleza de vislumbrar. Um dom que a maioria recebe ao nascer. Porém, entre todos aqueles que têm este privilégio da visão, há os excepcionais que estão isentos da necessidade da vista, da luz ou do que a distância permite, para vislumbrarem o inexistente aos seus olhos. Aqueles que observam com a imaginação ou que vislumbram a grandeza de um grão de areia. Foram esses que vislumbraram na fertilidade das terras, na força dos povos que se mostravam trabalhadores e no comércio a precisar de expandir, o potencial econômico promissor em Delagoa Bay, resultante do desenvolvimento do comércio com o Transvaal. Foi assim que, acreditando nas potencialidades desses investimentos, o Standard Bank decidiu instalar-se em Moçambique.
MÚSICA: DÁ SINAL
AUTOR – Hélio Beatz
INTÉRPRETES - Pauleta Muholove.
ACTO 1 - INSTALAÇÕES DA CASA AZUL
CENA 1
CENÁRIO - MAPUTO
- Personagens:
- Sr. Sive - pai de um jovem que está numa entrevista no banco.
- Zebedeu – lavador de carros posicionado na av. 10 de Novembro.
- Ambiente:
- A banda vai manter a vibe da trilha sonora como cama da cena.
- Zebedeu, jovem lavador de carros, assobia e canta a música enquanto o Sr. Sive procura lugar para estacionar.
-Tela:
- Em frente ao Banco carros estacionados com apenas um lugar de estacionamento aberto para onde o carro deverá ir estacionar.
[DIÁLOGO]
ZEBEDEU: Aqui, boisse, tem lugar aqui.... BOAAA... Tá-se maleee... tá-se maleee (cantando)
ZEBEDEU: Boa tarde, boisse... posso lavar boisse?
SIVE: Tá-se mal é o meu carro? Assim o carro está sujo ou estás a insinuar que está podre?
ZEBEDEU: Hummm boissse, não é isso, boss... é que eu posso txunar o carro ficar tipo novo. Colocar pomada nos pneus e polir esses faróis.
SIVE: Assim? O meu carro está velho? Qual é o problema? Esse banco que você fica aqui à frente não tem 100 anos? E não ajuda a alimentar a tua família?
ZEBEDEU: 130, Boisse.
SIVE: Sim, 130. Então qual é o problema? É assim que vocês, jovens, tratam os mais velhos? Desprezam-nos? Sabes meu Jovem, com a idade percebe-se que só se envelhece mesmo quando deixamos que a idade nos afecte. Olha só para estes teus vizinhos, olhando assim eras capaz de acreditar que tem 130 anos?
ZEBEDEU: ahaaa nada boss... Zebedeu aqui, vou guardar o carro então...
SIVE: Guardar o quê? Eu estou aqui, só quero carregar o meu celular enquanto espero meu filho. Meu carro não tem carregador, mas aqui já tem...
ZEBEDEU: Sim boss, estou a vender. Tenho carregador para iphone, type C... tenho powerbank,
SIVE: Não quer comprar nada pa... vi nas notícias que os teus vizinhos reabilitaram isto tudo.
ZEBEDEU: AHMM... (Surpreso)
SIVE: Já vi que não sabes... pelos vistos também és vendedor.
ZEBEDEU: Ainda bem que o senhor tocou nesse assunto. Diz uma coisa, Boss! Este banco é estrangeiro?
SIVE: Errado. Este banco é Moçambicano.
ZEBEDEU: Sim, boisse... Mas como veio para cá?
SIVE: Aí sim, havia grandes oportunidades de negócios, tanto aqui, com a instalação da linha férrea do Transvaal que chegava até aqui, como na Beira. Os tipos viram essa oportunidade e agarraram-na.
ZEBEDEU: Ahmmmm, é por isso que o banco praticamente faz anos com os CFM?
SIVE: E é por isso que primeiro foram se instalar ali na rua Araujo, perto do ...
ZEBEDEU: Na baixa? Marinheiros? Boites, p....
SIVE: Hey miúdo,
ZEBEDEU: Queria dizer do Porto, boiss
SIVE: tenho idade para ser teu avô... essas coisas aí aconteceram muito depois... estamos a falar de 1892 quando receberam a autorização para operar em Moçambique, através dum decreto real...
ZEBEDEU: Rei Ngungunhana?
SIVE: He wena mpfana... você não sabe nada de história? Ngungunhana era lá de Gaza, pa! Por acaso sabes como chamavam esta cidade?
ZEBEDEU: aahhhhhh Maputo, sempre foi Maputo, boisse.
SIVE: Sai daqui, pa... The Lagoa Bay, depois Lourenço Marques. Isso de Maputo é coisa de agora... coisa de Machel.
(NARRADOR)
Eheheheh é verdade. Chamava-se The Lagoa Bay e Aranguã na Beira. E estas linhas férreas do sul e do centro é que motivaram a vinda do Standard Bank para Moçambique iniciando as suas actividades, primeiro numa agência na rua Araújo em Lourenço Marques, agora Maputo.
MÚSICA: MAPUTO
AUTOR - [SHEILA JESUITA]
INTÉRPRETES - Onésia Muholove
CENA 2
CENÁRIO - BEIRA
DETALHES:
- Personagens:
- Avó Marta. Senhora da Beira e avó de um jovem que também se encontra na mesma entrevista que o filho do Sr. Sive.
- Raimunda – Filha da dona Marta e mãe do jovem que foi para a entrevista.
- Ambiente:
- A banda já toca um ambiente sonoro da cidade da Beira.
- As senhoras estão a caminhar em frente à filial da Beira, junto ao Banco de Moçambique, quando avó Marta comenta:
[DIÁLOGO]
Avó Marta: Filha já viste que esses andavam juntos? Em Maputo Juntos, aqui juntos...
Raimunda: Mas lá já estão com vista para o mar... mãe entrevista dele não acaba?
Avó Marta: Waaa… fica calma, filha!
Raimunda: Como ficar calma? Robertinho é meu filho... e se não der certo?
Avó Marta: Não dar certo? Existe isso? Acha que teriam coragem? Com meu neto mesmo? Não sabes quem eu sou? Você não trabalhou aqui?
Raimunda: Ahhh mãe, pára com isso. Tu melhor do que ninguém sabes que aqui não funciona isso. Todos nós entramos por mérito e esforço próprio.
Avó Marta: Ohhh, não podem brincar com nossa família; 130 anos podem acabar... Pode esse banco me conhecer bem
Raimunda: Assim eles têm medo do pai? Mas mãe de onde é que tiras essas ideias?
Avó Marta: … Mas você pensa que Tomaginho caiu do céu naquela posição?
Raimunda: Então foi o pai? Ahahahahah
Avó Marta: 18 anos, filha, 18 anos. Mas sabe? Você sabe quem foi buscar o Bernardo?
Raimunda: Também? Assim também estamos a trabalhar em Portugal… estou a ver que até mexemos os pauzinhos...
Avó Marta: Ahhh nada… Ali é zona pesada.. Nova Mambone? Giii.-
Raimunda: Mas mamã…
Avó Marta: Aqueles dali… não brincam com pedras. Trabalham com raios e trovoada.
Raimunda: (risos) Mas esses estão a demorar (mostrando inquietação).
Avó Marta: Sabes filha, vou te contar… Este terreno aqui… Você não sabe que era da nossa família?
Raimunda: Hummmm mamã? Já estás a inventar…
Avó Marta: Este banco primeiro começou naquela rua Araujo, né? E depois? Não construiu naquele terreno onde foi a sede durante muitos anos? Depois de anos a negociar, não vieram falar connosco? Não nos visitaram lá na palhota de trabalho? Como chamam vocês de Maputo?
Raimunda: Ndomba.
Avó Marta: Isso, naquele terreno da tua biza tinha ndomba dela. Estávamos tratar tudo… A mãe canta um tema do cancioneiro tradicional famoso da Beira/Sofala
Raimunda: Mas sabes mãe, num tom mais sério, há muita gente que segue essas práticas e acredita que indo ao curandeiro resolve os seus problemas de desemprego e influencia nas decisões de outrem.
Avó Marta: Outrem é quem?
Raimunda: outras coisas mãe. A mãe sabe que isso não é verdade por isso
Avó Marta: Vamos para casa filha!!!
(NARRADOR)
(RINDO) Não é verdade e todos sabemos que a avó Marta é brincalhona. O mérito é incontornável no banco... O que é verdade é que ela tem razão quando diz que o Standard Bank só teve licença para se instalar na Beira depois de encerrar uma disputa que durou 2 anos por causa de uma exclusividade na Beira, atribuída ao Bank of África. Abriu finalmente a agência da Beira, numa altura em que a linha férrea já tinha sido concluída até Chimoio e, a partir daí, o banco só cresceu.
MÚSICA: Ndinaneda Kupi
AUTOR - CAMBEZO (BEIRA VENCEDOR DO NGOMA)
INTÉRPRETES - Cambezo
CENA 3 – A CASA NOVA
DETALHES:
● Personagens:
○ Sr. Sive
○ Zebedeu
● Ambiente:
○ Local: Mesmo
● Tela: em algum momento Colocar tela do Naguib que tem na parede do refeitório do Standard Bank.
Foram mais de 80 anos em que um edifício com uma poderosa arquitetura latina confortou a liderança desta enorme família. Avôs, pais, filhos e netos passaram por aquelas 6 imponentes colunas e deram alento às suas famílias, entre períodos de intempéries sociais, econômicas e políticas. Mas, como as crianças, um dia elas crescem e já não cabem mais nos braços dos pais. Foi assim com na Casa Azul… a família cresceu… 49 sucursais por um país que se modernizava todos os dias… e por conluio entre a vontade e a oportunidade, a nova Casa Azul ergue-se imponente exatamente no berço da baía que o viu nascer e pelos braços daquela ama que lhe permitiu crescer vistoso e saudável, a cidade de Maputo, num domicílio das artes.
SIVE: Puto, sabes o que é que havia aqui antes do banco vir para aqui?
ZEBEDEU: Tenho medo de responder, o boss vai chamar-me ignorante.
SIVE: Ser ignorante não é o problema… o problema é quando não queres deixar de ser…
ZEBEDEU: Adiante, cota. O que é Aqui tinha aqui neste espaço?
SIVE: Por acaso sabes quem é o pintor Naguib, sabes né?
ZEBEDEU: Está a ver? AHHHHH
SIVE: Naguib tinha um restaurante/café que se chamava Café com Letras.
ZEBEDEU: Ah é…?
SIVE: Bebia-se arte, comia-se cultura aqui… artistas de várias artes passaram por este espaço, nacionais e internacionais. Filipe Mukenga, conheces? Gilberto Gil, conheces? Sabias que o projeto da banda Nkhuvo do Stewart começou aqui com Stélio Zoé, Nelton Miranda, Isabel Novela , Zé Pires e Swit? Ahmmm, já não falas?
ZEBEDEU: Então é isso boiss… agora já percebo tudo… os espíritos das artes não saíram mais daqui… eu aqui a guardar os carros assisti concerto de pessoas que só via na televisão, por causa do Banco… já ouvi o Ghorwane, Jimmy Dludlu, Rhodália… um sonho.
MÚSICA DO TEMPO DO CAFÉ COM LETRAS:
SWIT – Reconstruir Moçambique
AUTOR – Soito
INTÉRPRETES – Pauleta
ACTO 2 - VALORES
CENA 1 - LEGADOS
DETALHES:
● Personagens: [A definir]
● Ambiente:
○ Banda prepara a entrada da música do Ghorwane.
● Tela: Livre.
O Legado é uma das principais características que se deve ter em conta quando se quer classificar o bom funcionamento da relação entre as empresas e os seus colaboradores. Se essa relação não corre bem, os progenitores, ex-trabalhadores, são a primeira oposição a essa continuidade, incentivando os seus a buscar outras oportunidades. Mas, quando ela é bem-sucedida, estes progenitores tornam-se um dos principais vínculos de angariação de seguidores dessa instituição, contaminando com esta admiração até indivíduos que não tenham experiências familiares prévias nessa instituição.
Deixar legados é ouvir a voz do artista a ecoar por décadas por meio da sua obra... há 130 anos essa voz soou umas vezes alto, outras bem baixinho, mas soou e fez-se ouvir... olha... o Ghorwane é um exemplo desse ecoar de vozes ao longo de décadas e décadas.
O Sr. Sive, idoso, conservador e bastante controlado, apesar de quieto, é alguém que espera que finalmente alguém da sua família passe a ser funcionário do banco, enquanto a avó Marta e a sua filha Raimunda são de uma família com membros de várias gerações que fizeram parte deste legado.
A ansiedade da Raimunda tem uma boa razão de ser: é que não quer que o longo legado da família seja quebrado. Mas, o que é que estas duas famílias têm em comum?
Estas são duas famílias que se encontram à porta do banco à espera de que os seus filhos saiam de um longo processo de admissão, de funcionários para o banco.
O que se mostra entre estas duas famílias é que, apesar da Casa Azul ser pela passagem de testemunhos, ser descendente de um quadro ou ex-quadro do banco não te faz mais privilegiado do que qualquer outro que se candidate. A meritocracia está em prática.
MÚSICA: ROBERTO CHITSONDZO XIZAMBI/VANA VA NDOTA AUTOR - Roberto Chitsondzo
INTÉRPRETES - [Roberto Chitsondzo]
CENA 2 – ACELERAÇÃO
(DIÁLOGO)
SIVE: Miúdo, tu sabes o que são legados?
ZEBEDEU: Boss grama me chamar de ignorante... sei sim.
SIVE: Todos nós somos ignorantes em muitas coisas, miúdo... o que significa deixar um legado?
ZEBEDEU: Significa ensinar.
SIVE: Hum... é a marca que tens de deixar através das tuas acções, obras, ideias e valores na vida de outras pessoas, mesmo depois de te separares delas. Já pensaste nisso?
ZEBEDEU: Ahmmm, afinal? Mas eu, assim, a lavar carro, a guardar carro, é para deixar legado de quê mesmo? Sabão?
SIVE: Ohhhh rapaz, os teus valores são só teus, não te custam nada. Se vocês lavadores estivessem associados, pagassem quotas e mostrassem organização, com um plano bem definido. Não achas que os boisses da Casa Azul, podiam ajudar-vos?
ZEBEDEU: Boisse está-me a viajar... nós assim, ninguém nos confia...
SIVE: ó rapaz, tens de ver os SINAIS.... vocês aqui fazem duplo papel. Lavam os carros e mantêm segurança na zona... se vocês mostrarem organização e seriedade vão vos ouvir... Vai perguntar lá dentro se não há uma coisa que se chama incubadora. Tens celular?
ZEBEDEU: Tenho sim...
SIVE: Dá cá, vou te mostrar os sinais... [Mostrando no Celular]... você gosta de facebook, tik tok... entra no site da incubadora e vai ver tudo.
(NARRADOR)
Pois é exatamente isso... é caso para perguntar a cada um de nós aqui presentes: “O que é que fizeste hoje de que te possas orgulhar". A Casa Azul faz isso todos os dias... fomentando o emprego através do empreendedorismo. Actualmente mais de 5000 pessoas, em especial mulheres e jovens, já foram impactadas pelos vários projectos da Incubadora de Negócios.
MÚSICA: VUMELA
AUTOR - [MIngas]
INTÉRPRETES - Mingas
MÚSICA: NWETY (DUETO COM ONÉSIA)
INTÉRPRETES - Mingas e Onésia
CENA 3 – RESPONSABILIDADE SOCIAL
(NARRADOR)
Aqui está um exemplo de legado... um exemplo de valores passados de gerações em gerações... alguém se orgulha todos os dias do que fez e do que faz...
[quando é surpreendido com a Avó Marta vestida a rigor para jogar ténis com raquete...]
RAIMUNDA: Mamã, mamã (ao mesmo tempo fartando de se rir)... vais para onde assim?
AVÓ MARTA: vou jogar ténis... sempre quis aprender... joguei pouco ali no clube Náutico na Beira.
RAIMUNDA: Mas mamã, já não tens idade para andar a fazer essas brincadeiras, vais jogar onde?
AVÓ MARTA: tá a ver? Já! Vosso problema é esse mesmo. Olham para o velho e pensam que pronto, tem de ficar encostado até definhar.
RAIMUNDA: mas vais jogar onde? Aqui em casa?
AVÓ MARTA: Standard Bank...
RAIMUNDA: No Standard Bank, Mamã?
AVÓ MARTA: viste as notícias? Aqui na escola ao lado vão instalar o campo deles para recolher talentos...
RAIMUNDA: tu és talento mãe? É para crianças, mãe.... ahahah
(NARRADOR)
Ahahahahah... a dona Marta tem razão, o sedentarismo tem consequências graves: doenças cardiovasculares, obesidade, diabetes e até consequências que impactam a saúde mental. É por isso que a casa azul mexe-se com a força de jovem de 20 anos. Só no desporto também mexe-se no futebol e no atletismo que envolve profissionais amadores com a corrida azul. Mexe-se na saúde promovendo o acesso a cuidados de saúde de qualidades em comunidades com dificuldades. Redes Mosquiteiras, programas de doação de sangue... epa, mexe-se na educação, mexe-se no meio ambiente e até na mexe-se na cultura, com o Festival Acácias Jazz... em que a Onésia Muholove já fez parte.
MÚSICA: NDZILO TA FULENE
INTÉRPRETES: ONÉSIA MUHOLOVE
CENA 4 – CIDADANIA
SPOT: É POSSIVEL https://youtu.be/DOO4Sjm7yeM)
Grupo MOSA...
(entrada com os dizeres... é possível... é possível...)
MÚSICA: Grupo MOSA
INTÉRPRETES - Grupo MOSA
CENA 5 - EQUILÍBRIO DE GÉNERO
Nelton Arranca com o baixo de Wansanty.
Grupo MOSA canta a melodia do baixo em harmonia.
Tela: Imagens das colaboradoras do banco vão preenchendo a tela em forma de galeria.
Poema: Ode à Mulher Moçambicana
Autor: Severino Ngoenha
Há uma substância antiga que atravessa os séculos sem pertencer a nenhum.
Ela não se afirma — permanece.
Não se impõe — funda.
É presença que não se diz, mas que organiza o mundo como quem borda o caos com dedos invisíveis.
Nas margens da história, onde os nomes se apagam,
há uma figura que nunca cessou de estar.
Não no centro das estátuas, mas no ritmo da argila,
não nos tratados, mas nos gestos que sustentam o dia.
A mulher — ou melhor, aquilo que o tempo nunca conseguiu apagar — soube existir em tensão com o real.
Ela não viveu na vitória, mas na constância.
Não nos palácios, mas nas cozinhas, nos mercados, nos quintais onde se decide a vida.
É nesse lugar que a razão filosófica hesita,
porque ali não há sistema, mas sabedoria.
Não há discurso, mas sobrevivência.
Não há liberdade proclamada, mas responsabilidade assumida.
A mulher africana não se explica.
Ela é anterior ao conceito,
e talvez por isso tenha sido tantas vezes esquecida por ele.
A filosofia do Ocidente, ocupada em separar sujeito de objeto,
passou por ela sem vê-la —
pois ela era ao mesmo tempo sujeito e mundo,
ação e consequência,
logos e carne.
Em Moçambique, onde a terra sangrou por ideais que não se cumpriram,
ela permaneceu.
Não como símbolo de nação,
mas como condição da possibilidade do viver.
Não esperou pelas revoluções para ser nova:
nasceu nova todos os dias,
dentro das mesmas dores,
com os mesmos panos,
com os mesmos silêncios.
Enquanto o discurso oficial tropeçava nas promessas,
ela construía uma ordem paralela —
feita de persistência, de resistência,
de sabedoria não codificada.
E ainda hoje, quando tudo vacila,
ela é o que resta.
Não como último recurso,
mas como primeira fundação.
Ela não procura reconhecimento.
Mas se a filosofia quiser reencontrar o seu sentido,
terá de passar por ela.
Grupo MOSA Sai de cena.
MÚSICA: Wansaty
AUTOR - [Rhodália]
INTÉRPRETES - Onésia
2ª Passagem de modelos enquanto canta.
Quando a música chega ao fim a tela completa com as imagens de todas as colaboradoras e com as modelos em palco.
ONÉSIA DIZ A FRASE:
Existem cada vez mais empresas a olharem com seriedade para esta questão da igualdade de género. A Casa Azul mais uma vez destaca-se ao ser o primeiro banco a ter uma mulher como PCA.
CENA 6 – EDUCAÇÃO E DESENVOLVIMENTO
(NARRADOR)
Na Casa Azul a segurança é um assunto bastante sério. Quando digo isto estou a dizer sério mesmo. Por vezes até pode soar a paranoia, mas, como diriam os colegas da John: “better safe than sorry”, ou seja melhor não dar mole... Na casa azul é com tudo: , desastres naturais, saúde, acidentes, epa, tudo tudo tudo. Mas o que chama mais atenção é que essa segurança é extensiva à segurança dos colaboradores, dos clientes, dos parceiros, ou seja, da sociedade.
[DIÁLOGO]
ZEBEDEU: o cota parece estar bem mas não está muito bem... o que se passa.
SIVE: o que é que tu sabes? Não sabes nada. Para além de lavador e segurança de viaturas também és psicólogo?
ZEBEDEU: Sou psiquiatra... (pôs-se a rir)
SIVE: tas a ver quem provoca? Agora estás a chamar-me de maluco...
ZEBEDEU: Nada boiss... sou mesmo psiquiatra. Sabe boss que algumas condições físicas são agravadas por sofrimento psíquico causado por problemas sociais?
SIVE: Você é estranho miúdo. Não sabe sobre cultura geral, nem sequer da tua cultura, mas tas aqui a dar um show de conhecimento científico....
ZEBEDEU: Bem bem boss, é verdade... eu estava na universidade, mas a vida apertou e como não há emprego... só podia.
SIVE: podias virar artista...
[Espanto geral entre os artistas em palco] WHAT... noooooo
SIVE: Brincadeira Brincadeira... não se zanguem.
SIVE: mas é verdade eu não estou nada bem... estou preocupadíssimo. Já passam gerações e gerações que vimos tentando entrar aqui na Casa Azul, mas sem sucesso. A minha neta que está lá dentro é a nossa mais pura esperança.
ZEBEDEU: Mas porque querem tanto? Não há outros lugares para trabalhar?
SIVE: claro que há... mas a segurança, a cultura e o ambiente organizacional fazem toda diferença. Sabes que há mais de 10 anos o Banco desenvolve um Programa de Desenvolvimento de Graduados, que já abriu as portas para o mundo corporativo para centenas de jovens. Alguns deles chegaram a alcançar posições de relevo na organização como a de membros do conselho de Administração. Sabes que...
... – eles continuam a conversar.
(NARRADOR)
Parece que o Sr. Sive anda, de facto, a ver os sinais. Não se pode negar que qualquer um teria orgulho de fazer parte de uma família que já lá vão quatro anos consecutivos considerada uma das 10 melhores de Moçambique, 16 vezes, desde 2014, o melhor Banco de Investimento de Moçambique e, recentemente, eleito o melhor banco de 2024 pela prestigiada revista The Banker?
ACTO 3 - SINAIS DOS TEMPOS
CENA 1
Neste preciso momento tanto o neto do Sr. Sive, como a neta da avó Marta saem a correr do banco feliz da vida porque conseguiu entrar no banco.
Tela: Estando eles em locais diferentes, vamos dividir as telas em 2 estando o Neto do Sr. Sive a minifestar-se na sede em Maputo e o Neto da Avó Marta a comemorar na filiar da Beira
Luísa: Consegui avô, consegui...
SIVE: parabéns, parabéns.
Eles abraçam-se.
Em simultâneo na Beira:
ROBERTO: Mãeeeee
Raimunda: parabéns, parabéns.
Avó: Eles abraçam-se.
MÚSICA: Parabéns – [Wazimbo]
INTÉRPRETES - Wazimbo
(DIÁLOGO)
AVÓ MARTA: Viste você filha, como teu filho festejou?
RAIMUNDA: Tem de festejar mãe. Ele estava a falar-me sobre tantas coisas que só vê quem está atento aos sinais.
AVÓ MARTA: Mas eu sou atenta, não passa nada aqui.
RAIMUNDA: Mãe, estou a falar de coisas...
AVÓ MARTA: filha eu sei tuuudoo. Agora assiste como é que nós manifestejamos...
Música: Mbhole Mbhole Na Yona -
AUTOR - Djaaka
INTÉRPRETES – Pauleta Muholove
CENA 2 – UM BANCO DIGITAL
AVÓ MARTA (Digitando no celular): alô, alô Sive...
SIVE: Olaaaaa, como estás queridaaaa,
AVÓ MARTA: Querida, querida o quê, marrabwa dum raio... mandar dinheiro
SIVE: waaa? Nos deixa festejar amor...
AVÓ MARTA: Amor, faz o quê? Festeja a mandar valor. Não usas QuiQ QuiQ... faz Quiq então... queremos manifestejar também. (desliga) Narrador: ehhh afinal vocês conhecem-se???
AVÓ MARTA: YIwe você é muito enxerido... está ouvir conversa alheia??? Sacana
(NARRADOR)
Ahahahah afinal o Sr. Sive e a Avô Marta têm algo em comum, conheceram-se há pouco tempo no evento da Campanha do Coração e foi amor à primeira vista. Mas actualmente a viverem distantes a Casa Azul faz com que esta distância pouco se sinta nas questões diárias. O casal sabe das coisas: no seu dia-dia usam Quiq para pagamentos e para os seus negócios usam NETPlus. É fluidez digital da Casa Azul que pode ser bem equiparada à fluidez desta nova geração que faz com que nos faz conhecer as suas obras através deste acessível mundo digital.
MÚSICA: UM COPO
AUTOR – Suraia Eduardo
INTÉRPRETES – Suraia Eduardo
CENA FINAL
Spot: 130 anos Sinais do Tempo
(Narrador)
Em 20 de agosto de 2024, o Standard Bank assinalou 130 anos de presença em Moçambique. Este marco confere à instituição, anteriormente designada Standard Totta, o estatuto de banco mais antigo e um dos mais sistémicos do país. A sua operação rege-se pelos mais elevados padrões de boas práticas, o que corrobora a adequação da sua denominação. Uma entidade bancária que atravessou múltiplas transformações e acompanhou os períodos cruciais da história moçambicana, mantendo-se consistentemente entre as principais, encontra no "Escudo" um símbolo identificativo de inquestionável propriedade.
Com efeito, a trajetória do Banco e a do país desenvolveram-se em paralelo, e os indicadores temporais manifestaram-se de forma ubíqua: na indústria extrativa (mineração, petróleo e gás), nas energias renováveis, nas infraestruturas de energia e transporte, no agronegócio, nas telecomunicações e em todos os setores que impulsionam o progresso de Moçambique. Em cada etapa relevante, cada perspetiva estratégica, cada desafio, cada momento decisivo, cada conquista e cada deliberação de risco, os sinais do tempo estiveram invariavelmente presentes e continuam a emergir quotidianamente, sendo observáveis em múltiplos contextos.
Música final: Malala
AUTOR -Jimmy Dlulu
ELENCO
Onésia Muholove - Voz
Pauleta Muholove - Voz
Wazimbo - Convidado Especial
Deltino Guerreiro - Convidado Especial
Cheny Wa Gune - Convidado Especial
Stélio Zoé - Bateria e Efeitos
Nelton Miranda - Baixo
Djivas Madeule - Guitarra
Nelson Pimenta - Percussão
Ebenezer Sengo - Guitarra
Tony Tembe - Coros
Gigi - Coros
Filipa - Coros
Zé Pires - Teclados, produção
e direcção geral
TEATRO
Horácio Guiamba - Narração
Arejústel Ananias Santinho Mulimela
Custódio Jossefa Sitoe
Anneliese Erwin Huber
Leonor Newasse Paulo Moiane
Alexandre dos Santos Chilaule - Coreógrafo
Odete Tembe - Direcção de Produção
Shelcia - Direcção de Comunicação e Imagem
Fanuel Macuacua - Direcção Técnica e técnico de PA
Bruno Vergamota - Luz e Conteúdos de Vídeo