Continente africano vai continuar a acolher investimentos no sector de petróleo e gás

14 de maio de 2019

O Standard Bank considera que o continente africano vai continuar a acolher investimentos no sector de petróleo e gás, nos próximos três a cinco anos, uma vez que a estabilização dos preços do petróleo, em acima de 60 dólares o barril, e a população em rápido crescimento no continente, atraem grandes produtores independentes do petróleo para uma das últimas fronteiras de investimento em energia do mundo.

De acordo com o banco, uma série de projectos de exploração bem-sucedidos, na última década, fez crescer o número de países africanos, com reservas provadas do petróleo e gás, para 28, graças às novas descobertas no Gana, Níger, Moçambique, Uganda, Quénia, Senegal, Mauritânia e África do Sul.

O investimento necessário para implementar projectos nesses países dará um novo ímpeto ao consumo do petróleo no continente africano, que com um nível de 4 milhões de barris por dia já excede, significativamente, o nível de 2,1 milhões de barris diários de produção, vaticina o administrador delegado do Standard Bank, Chuma Nwokocha.

“Uma população em rápido crescimento, a rápida urbanização e o crescimento económico acelerado estão a criar uma lacuna entre a demanda do gás, produtos petrolíferos e a sua capacidade de fornecimento, que vai aumentar gradualmente ao longo do tempo", explica Chuma Nwokocha.

“Isso servirá para atrair mais investimentos de grandes produtores independentes de petróleo, o que por si só exercerá mais pressão na demanda, já que o investimento resultante em infraestruturas de refinarias, estradas, condutas e habitação impulsiona o consumo de energia", frisa.

O sector do petróleo e gás do continente africano está uma vez mais a atrair investimentos de empresas de exploração e refinaria, após uma pausa prolongada provocada por uma queda nos preços do petróleo, que caiu para menos de 30 dólares o barril, no início de 2016.

Uma melhoria nos preços do petróleo, conforme análise do administrador delegado do Standard Bank, deve chegar a uma média entre 60 e 70 dólares o barril, nos próximos três a cinco anos, atraindo mais interesse no continente, que está a registar um aumento populacional que provavelmente levará ao aumento duplicado da população para 2,5 biliões por ano até 2050, de acordo com as projecções da Organização das Nacões Unidas (ONU). A mais recente edição do BP Energy Outlook indica que o continente africano representará 6% da demanda global de energia até 2040.

Em 2018, a Agência Internacional de Energia (AIE) indicou que a demanda global de energia aumentaria em mais de 24% até 2040, sendo assim necessário mais de 2 mil milhões de dólares, por ano, em investimento para trazer novos projectos de fornecimento de energia. Dado ao contínuo crescimento da população africana e o crescimento económico, é provável que uma parte desse investimento seja direccionada para o mercado de energia relativamente inexplorado do continente.

“Toda essa actividade de investimento, por sua vez, estimulará a demanda por empréstimos, estruturação de negócios e capacidade de transação em todo o continente”, considera Chuma Nwokocha, para quem “instituições com profundo conhecimento do continente podem beneficiar-se dessas iniciativas”.

Importa realçar que o Standard Bank é um dos maiores financiadores de projectos no sector de petróleo e gás na África Subsaariana, devido à sua presença em 20 países em todo o continente. A Banca Corporativa e de Investimentos tem profundo conhecimento no sector de recursos naturais do continente africano, onde acumulou um histórico invejável em todo o espectro da cadeia de valor de mineração, petróleo e gás. Essas capacidades abrangem desde serviços bancários de investimento e serviços de consultoria a comércio de divisas e commodities, bem como a provisão de capital de giro, gestão de caixa e soluções de forex.

Em Moçambique, o banco co-financiou com o valor de aproximadamente 8 biliões de dólares norte-americanos a construção da Plataforma Flutuante de Gás Natural Liquefeito (FLNG), em Palma, na província de Cabo Delegado, marcando o primeiro passo do país como produtor e fornecedor regional e global de gás natural.

Muito recentemente, o Standard Bank apresentou os resultados do estudo macroeconómico independente, que desenvolveu, sobre o potencial da Área 4 do projecto de Gás Natural Liquefeito (GNL), com um potencial de 15.2 milhões de toneladas, por ano (MTPA).

Anteriormente, o banco realizou, para a Anadarko, um estudo macroeconómico sobre o impacto do projecto de GNL, na Área 1, que representa a bandeira de um dos maiores projectos do continente, que ajudou a avançar na compreensão dos projectos de GNL. 

Estas acções demonstram o vasto conhecimento que o banco detém na indústria de petróleo e gás e a sua capacidade de actuar como principal coordenador, bookrunner, agente de garantias e linhas de crédito, e banco onshore para vários intervenientes internacionais do sector.