Dr. Moz

5 de agosto de 2022

Plataforma tecnológica ajuda a alargar acesso aos serviços de saúde

O acesso aos cuidados de saúde continua a ser um desafio para a maioria da população em Moçambique, onde, segundo dados do Ministério da Saúde, uma unidade sanitária está para mais de 17 mil habitantes, um rácio que está acima do recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 10 mil.

Até 2020, o país tinha um total de 1.739 unidades sanitárias, porém, este número tem vindo a aumentar no âmbito da implementação do Plano Quinquenal do Governo (PQG) 2020-2024, que prevê, entre outras acções, a expansão do acesso e a melhoria da qualidade dos serviços de saúde, bem como o fortalecimento dos cuidados de saúde primários.

Entretanto, o aumento do número de unidades sanitárias não contribuiu para a redução significativa da distância média percorrida para encontrar um hospital, que se situava nos 12.10 quilómetros em 2020.

Como forma de ajudar a reverter este quadro, através da concepção e implementação de soluções inovadoras, quatro jovens introduziram, no mercado, uma plataforma de informação na área de saúde e bem-estar, denominada “Dr. Moz”.

Essencialmente, a plataforma funciona como um “ponto de encontro virtual” entre os utilizadores ou quem necessita de cuidados de saúde e os provedores, que podem ser profissionais de saúde e bem-estar ou instituições.   

Serviços

A plataforma está dividida em dois tipos de serviços. O primeiro diz respeito aos gratuitos, que é constituído por um motor de busca que permite ao usuário localizar serviços de saúde e bem-estar, um sistema digital de marcação de consultas onde o usuário pode, inclusive, consultar a agenda do médico e marcar a consulta de forma autónoma, e uma base de dados de dadores de sangue.

“Havendo uma necessidade no banco de sangue de uma unidade sanitária, eles podem entrar em contacto connosco, e, de seguida, enviamos alertas a todos os dadores para eles poderem dirigir-se à unidade sanitária para efectuar a reposição”, explicam Sabina Ali e  Natacha Amin, co-fundadoras da plataforma.

O segundo é referente aos serviços por subscrição. Inclui pacotes de telemedicina, serviço de ambulâncias, e um botão S.O.S para emergências. “Ainda estamos por implementar este último uma vez que procuramos por um parceiro. Já temos a tecnologia, só precisamos de um provedor qualificado para dar assistência a este serviço”.

De acordo com as co-fundadoras, este serviço pode ser útil para pessoas idosas ou que tenham um problema de saúde e que estejam sozinhas em casa. Em momentos de necessidade ou caso ocorra algum acidente, a equipa da Dr. Moz recebe um alerta e envia, de seguida, uma ambulância ao local. Os responsáveis pela pessoa em causa recebem, também, um alerta.

Usuários registados

Neste momento, a plataforma conta com cerca de 400 utilizadores e 60 provedores cadastrados, entre clínicas, hospitais públicos, laboratórios, ópticas, médicos, farmácias, seguradoras, psicólogos, veterinários, nutricionistas, ginásios, agências funerárias, e outros profissionais ou instituições ligados à saúde e bem-estar.

Apesar destes números, diga-se, animadores, Sabina Ali e Natacha Amin acreditam que podem alcançar mais. Para tal, estão a desenhar uma estratégia para a mudança de mentalidade no seio do público-alvo.

Perspectivas

“O objectivo da Dr. Moz é de facilitar o acesso a serviços de saúde a toda a população”, sublinham Sabina Ali e Natacha Amin, que dizem estar cientes dos “desafios” que se impõem à concretização deste desiderato.

“Sabemos que nem toda a população moçambicana tem acesso a um telefone com internet, e que grande parte dela não sabe ler nem escrever. Por isso, o nosso próximo passo é introduzir quiosques móveis, onde um técnico vai às comunidades (com um tablet) para fazer os atendimentos”, frisam.