Grupo Lin: Transformar crises em oportunidades

22 de fevereiro de 2022

Numa altura em que os jovens se debatem com a escassez de oportunidades de trabalho, associada ao aumento do número de graduados com formação em diversas instituições de ensino técnico e superior existentes no país, o empreendedorismo afigura-se como uma das alternativas ao mercado de emprego, se não a principal. Apostar nesta área é uma questão de decisão e ousadia, e neste aspecto pode-se mencionar o jovem Lineu Candieiro, que após concluir a licenciatura em Administração Pública na Universidade Eduardo Mondlane criou o Grupo Lin.

Trata-se de um grupo 100% jovem e moçambicano, criado em 2012 e que hoje actua nas áreas de limpeza (Lin Limpezas e Lin Recolhas) e saúde (Lin Ambulâncias e LinMedCare), estando prevista, para breve, a sua entrada no ramo da lavandaria (Lin Lavandaria).

A primeira empresa criada pelo Grupo é a Lin Limpezas. Em 2020, aquando do início da situação pandémica, oportunidade absorvida pelo carácter empreendedor do líder, brotou o gosto pela protecção da saúde pública no seguimento da criação da marca Lin Desinfecção, por forma a complementar este serviço criou igualmente a Lin Ambulâncias e deste modo viu-se a necessidade de criar um grupo pela dinâmica e pelo crescente número de serviços.

Como qualquer empresa, a inserção do Grupo Lin no mercado nacional não foi fácil, conforme explica o seu fundador e presidente do Conselho de Administração Lineu Candieiro.

“É extremamente sensível a construção e consolidação de uma marca no mercado. No nosso caso, tivemos de criar condições para prestar serviços credíveis e, acima de tudo, inovadores para que qualquer pessoa ou instituição que nos contactasse tivesse a certeza de que teria um serviço de qualidade”, diz.

Mais do que ser difícil, a construção e consolidação de uma marca exige recursos financeiros e é este aspecto que para Lineu Candieiro representa um dos maiores obstáculos para as micro, pequenas e médias empresas no país, principalmente quando estas pretendem expandir os serviços.

“O Grupo Lin faz praticamente tudo e, por isso, sentimos a necessidade de ter representações em diversos pontos do país. O financiamento tem sido um dos principais obstáculos. Pretendemos levar os nossos serviços a outras províncias e é complicado quando enfrentamos dificuldades para ter acesso ao financiamento”, afirma.

Crescimento do Grupo Lin

Por se tratar de um grupo de empresas que actuam principalmente nas áreas de saúde e limpeza, a eclosão da pandemia da Covid-19, em 2019, foi um trampolim para a sua afirmação e crescimento.

A Lin Ambulâncias, por exemplo, por ser uma empresa da área da saúde, efectuou diversas evacuações de doentes, de e para diversos pontos do país. “Foi um negócio que cresceu muito”.

O mesmo sucedeu com a Lin Limpezas que foi muito requisitada para questões de desinfecção de edifícios e para prestação de outros serviços.

Para o alcance destes resultados, Lineu Candieiro aponta um aspecto que passa despercebido a muitos empreendedores e empresários: Saber transformar a crise em oportunidade. “Como qualquer empresário que tem visão, percebi que não tínhamos, no país, parte dos serviços que hoje prestamos, apesar de estes serem uma realidade em outros cantos do mundo. Só foi uma questão de os replicar com um pouco mais de inovação e sabedoria, claro”.

Afirmação dos jovens no empreendedorismo 

O fundador e PCA do Grupo Lin diz orgulhar-se do facto de pertencer a uma geração de jovens que estão a apostar, de forma engajada, no ramo empresarial e que têm a consciência de que o empreendedorismo é a escolha certa para quem pretende implementar as suas ideias e sonhos.

“O empreendedorismo é o futuro e o cenário actual mostra que o mercado está aberto para todos, razão pela qual os jovens estão a ser mais inovadores e agressivos, no bom sentido do termo”, realça.

Apesar de os jovens estarem a apostar seriamente no empreendedorismo, Lineu Candieiro considera ainda haver muito por ser feito por esta camada e sublinha que há espaço para tal. “O nosso país ainda é virgem em termos de oportunidades. Temos 47 anos de independência, tivemos e ainda temos muitos desafios (guerra, terrorismo, desastres naturais, entre outros) que podem ser transformados em oportunidades para a juventude”.

Entretanto, admite que ainda persistem inúmeros desafios para que tal empreitada seja bem-sucedida. “Na verdade, os obstáculos parecem ser os mesmos. Para um jovem com uma boa ideia, o primeiro obstáculo é a estruturação do negócio e a elaboração do respectivo plano para saber onde pretende chegar e como lá chegar. É preciso ter alguma direcção. Mas para ter estes dois instrumentos orientadores é oneroso porque são instrumentos feitos por um consultor”.

O segundo obstáculo, segundo Lineu Candieiro, tem a ver com o financiamento (para a implantação ou a expansão de uma empresa). O terceiro está associado à confiança do mercado. Poucas pessoas confiam nos negócios, principalmente quando são feitos por jovens, o que torna ainda mais difícil a sua caminhada. Todo negócio é um risco e os riscos são para serem assumidos, mas há que minimizá-los”.