Esta circunstância levou, em 2017, à criação da Mozambique Good Trade, uma Pequena e Média Empresa (PME) que se dedica à promoção e comercialização de diversas marcas de produtos alimentares naturais, saudáveis e nacionais, com certificação biológica pela Ecocert, líder global em certificação agrícola orgânica e cosméticos orgânicos.

Com um volume médio de vendas mensais estimado em três toneladas de produtos variados, esta pequena empresa é, igualmente, representante de produtos cosméticos naturais, produzidos em Moçambique, designadamente óleos, cremes, bálsamos, esfoliantes e outros para a pele, cabelo e barba.

O negócio foi criado por Diogo Cunha Lucas (director geral), em 2017, quando prestava serviços como consultor para as pequenas empresas que operam na área do agronegócio. Nessa altura, ele constatou que havia, no mercado, muito interesse dos consumidores por produtos naturais, no país. Mas, o seu aprovisionamento era deficiente.

Com efeito, os produtos naturais produzidos em vários pontos do país não chegavam a Maputo, nem aos supermercados, o que constituiu uma oportunidade para a criação de um negócio para explorar este mercado de produtos naturais nacionais: “uma empresa que fosse às províncias seleccionar o que de melhor se produz no país, garantir a sua qualidade, melhorar e promover a sua imagem, e gerir a sua distribuição pelo comércio formal – até então dominado pelos produtos importados.”, explicou Diogo Cunha Lucas.

Um dos elementos característicos da agricultura nacional, conforme ajuntou, é que não utiliza muitos agroquímicos na produção, nem aditivos durante o processamento, obedecendo apenas a procedimentos simples e naturais.

Deste modo, os alimentos conservam o sabor original dos alimentos e são, igualmente, mais ricos em nutrientes e saudáveis, reduzindo a ingestão de substâncias nocivas à saúde. 

 “Nós sabíamos que se tratava de uma boa oportunidade devido ao aumento do interesse dos consumidores por produtos naturais e saudáveis, sendo que acabamos por fazer desta apetência do mercado um critério da nossa actuação, e actualmente trabalhamos exclusivamente produtos naturais e moçambicanos”, indicou.

Nesta empreitada, o gestor da Mozambique Good Trade tem tido a percepção de que há cada vez mais consumidores preocupados com a saúde: “Sentimos que o consumidor, quando vai adquirir um produto se houver uma alternativa, opta por um produto natural”, enfatizou.

Negócio envolve 130 produtos

Conectada a uma extensa rede de fornecedores (agricultores e agro-processadores) nacionais de todas as províncias do país, a Mozambique Good Trade continuamente desenvolve novos produtos: “Actualmente comercializamos uma gama de 130 produtos naturais nacionais”, disse, acrescentando que “somos muito exigentes na selecção de fornecedores como forma de garantir a qualidade dos produtos”.

Em consequência disso, a empresa tem realizado sistematicamente avaliações aos fornecedores no que diz respeito às suas competências, seriedade, potencial de produção e aos cuidados relativos à garantia da qualidade.

“Testamos regularmente os produtos adquiridos no laboratório, para apurar se estão dentro dos requisitos necessários.  Daí, efectuamos a sua limpeza, selecção e, posteriormente, o empacotamento, de acordo com as boas práticas do processamento e de higiene e segurança dos alimentos”, realçou.

A Mozambique Good Trade é certificada para o empacotamento e venda de produtos biológicos de acordo com os requisitos da União Europeia pela Ecocert, uma entidade internacional de certificação independente.

Grande parte dos seus produtos é comercializada no mercado nacional, com particular destaque para as cidades de Maputo e Matola, assim como as capitais provinciais. Prevê, a breve trecho, exportar parte dos produtos para os mercados da África do Sul, Europa e Ásia.

“Trabalhamos, essencialmente para o mercado nacional e temos produtos alimentares e cosméticos naturais, para a pele e o cabelo. Os alimentos constituem o maior volume de vendas, como o mel, café, arroz da Zambézia e vários tipos de farinha sem glúten, nomeadamente de batata doce, mandioca, coco e caju”, concluiu.

Farinhas naturais nacionais saudáveis

Farinha de coco - É produzida à base de coco, após a extração do seu óleo. Não contém glúten, é 100% natural, sem aditivos e de produção biológica certificada. Produzida em Inhambane a partir de coco fresco adquirido directamente das comunidades locais. É uma farinha com elevado conteúdo de fibra e contém também proteínas e minerais. Tem um baixo índice glicémico, podendo ser consumida por diabéticos. Contém ácidos gordos de cadeia média, que são digeridos de forma mais rápida que os outros lípidos saturados e reduz o armazenamento na forma de gordura.

Farinha de amêndoa de caju crua – É um excelente substituto para a farinha de amêndoa vulgar. É rico em proteínas. Trata-se de um produto nacional, processado na província de Gaza.

Farinha de mandioca - Produzida pela secagem e moagem da raiz crua da mandioca. Não contém glúten e é 100% natural, sem aditivos. Pode ser usada para cozinha ou pastelaria.