Em Moçambique, este modelo organizacional é, também, implementado parcialmente por várias empresas e instituições públicas e privadas, sendo que algumas consideram a hipótese de perpetuá-lo, mesmo no período pós pandemia, por representar grandes vantagens competitivas.

Neste contexto, já estão a surgir, no país, empresas cujos processos decorrem, na sua totalidade, em regime online, tal como é o caso da Pequena e Média Empresa (PME) denominada Talento Academy, que optou, desde a sua criação, em 2021, por este novo modelo de organização do trabalho.

Trata-se de uma iniciativa que visa usufruir das múltiplas vantagens que o trabalho remoto oferece, nomeadamente a redução de custos operacionais, que elimina os gastos com transporte, alimentação, aluguer ou compra de uma sala, mesas, cadeiras, computadores, armários, limpeza, taxas, energia eléctrica, entre outros.

Para melhor acomodar a sua estratégia e tirar melhor proveito desta inovação, a Talento Academy, que se dedica à formação de profissionais  em matéria de informática, particularmente o Excel, vai-se transformar em uma plataforma tecnológica de cursos.

“Temos uma equipa de seis colaboradores. Cada um realiza as suas actividades a partir de casa. Adoptamos este regime laboral, home office, porque achamos que funciona perfeitamente”, referiu Luís Jo, licenciado em Informática pela Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e um dos fundadores da Talento Academy.

Flexibilização das relações de trabalho

Com o avanço da tecnologia, comunicação e globalização, conforme sustentou, esta nova forma de flexibilização das relações de trabalho tem-se disseminado, no mundo, na perspectiva de aumentar a qualidade de vida do trabalhador, da produtividade, redução de custos para o empregador e retenção de talentos nas empresas.

“Somos uma empresa que nasceu na época da Covid-19 e a aceitação ao regime de trabalho remoto beneficiou-nos bastante, pois, no nosso caso concreto, as pessoas foram forçadas a aderir aos cursos no formato online. Temos uma cultura de foco em resultados e não nos importamos com o horário de trabalho”, destacou Luís Jo, acrescentando que mesmo que seja ultrapassada a situação gerada pela pandemia do coronavírus “vamos continuar a trabalhar remotamente”.

No que refere à aposta pelos cursos de Excel, Luís Jo sustentou que o domínio desta ferramenta de trabalho faz toda a diferença e faz com o profissional eleve o seu desempenho, ganhando destaque no local de trabalho, o que aumenta as suas probabilidades de beneficiar de uma promoção para outras áreas de desenvolvimento.

“Estamos bem posicionados no mercado e já formamos 59 profissionais. Este ano estamos com um total de 391 formandos de vários pontos do país, provenientes de várias empresas, algumas das quais de grande dimensão”, frisou.

Actualmente, as grandes empresas têm gerido os seus processos através do Sistema ERP (Enterprise Resources Planning). Trata-se, segundo indicou Luís Jo, de sistemas, que apesar da sua robustez, apresentam limitações por serem genéricos e não específicos.

Hard e Soft Skills

Por esta razão, as grandes empresas precisam de usar Excel nos processos produtivos: “Ocorre que a maioria dos profissionais não tem domínio desta ferramenta, o que origina perdas de desempenho, sobretudo no que se refere ao tempo”, indicou, realçando que “o nosso curso foi desenhado para suprir esta lacuna”.

O curso de Excel tem como público-alvo profissionais que já trabalham em empresas, apesar de a Talento Academy formar também pessoas que ainda não entraram no mercado de emprego, aumentando, assim, a sua empregabilidade.

Nesta empreitada, a Talento Academy conta com seis colaboradores fixos e alguns freelancers, que ajudam nos processos de venda dos cursos.

“Temos, igualmente, disponível um curso de VBA, um módulo mais avançado do Excel. A partir do segundo semestre deste ano, prevemos introduzir novos cursos”, disse.

Esta visão futurista inclui, também, a introdução de cursos do mesmo género, como Power Point, Primavera, entre outros, no âmbito do Hard e Soft Skil.

Num breve comentário sobre o espaço disponibilizado pelo Standard Bank no suplemento económico do matutino Notícias, para a promoção das Pequenas e Médias Empresas, Luís Jo referiu que a iniciativa vai ajudar sobremaneira as empresas moçambicanas uma vez que, na fase inicial, os negócios enfrentam grandes dificuldades de inserção no mercado, particularmente no que diz respeito à interação com grandes marcas.

“Ainda não temos em Moçambique um forte ecossistema de micro e pequenas empresas para ajudá-las a penetrar no mercado e competir devidamente, pelo que este espaço constitui uma solução para este problema”, concluiu.