PME usa coco para preservar o ambiente

13 de maio de 2022

O solo e a água estão vulneráveis à poluição, seja ela intencional ou não. Geralmente, a contaminação tem acontecido em resultado da actividade humana, à semelhança do que ocorreu na região fronteiriça de Goba, província de Maputo, quando um comboio de carga descarrilou, no vizinho Reino de Eswatini, derramando combustível, que contaminou as águas e solo do Rio Umbelúzi.

A solução para este caso vertente, que colocou em perigo a vida de milhões de habitantes das cidades de Maputo, Matola e Boane, no Sul de Moçambique, foi possível com a aplicação da biorremediação, uma tecnologia ainda exclusivamente implementada, no país, pela Conut Organics, subsidiária da Saboeira de Inhambane, que opera no recinto do Porto da Matola.

No decurso das suas actividades, a Conut Organics processa a casca do coco, da qual obtém uma espécie de serradura de coco, conhecido comercialmente como Conut Zorb, um absorvente para materiais inflamáveis ou tóxicos, tais como combustíveis, químicos, ou seja, derivados de hidrocarbonetos.

Trata-se de um produto cem por cento orgânico e biodegradável, que não cria nenhum impacto negativo ao ambiente.

“A Conut Organics extrai o pó da casca de coco, que é adicionado a materiais vegetais, num processo que lhe confere qualidades absorventes. A Saboeira de Inhambane, através da Conut Organics, faz a recuperação de terras, aplicando a inovadora tecnologia, que é a biorremediação, tanto na terra ou na água", frisou Rui Jubileu Machiza, representante do sector Comercial na Saboeira de Inhambane e representante dos sectores Comercial e Operações na Conut Organics.

A empresa Saboeira de Inhambane foi fundada em Março de 2004, através da união de dois sócios, nomeadamente Isabel Matola, que nessa altura fazia um curso de processamento de casca de coco, em Quelimane, província da Zambézia, e António Patrício, que desempenhou, em tempos, o cargo de director da extinta empresa Mabor.

Aproveitamento do coco e cevada

No processo produtivo, a Saboeira de Inhambane faz o aproveitamento do cocopeat e das fibras do coco para produzir esteiras especiais, usadas na produção de colchões e também aplicadas na área agrícola, por exemplo, na produção de macadâmia para o controlo das ervas daninhas (capim) e na produção de adubos orgânicos, assim como do substrato que é usado nas estufas para a produção de mudas.

O desperdício de cevada recolhido nas cervejeiras nacionais pela Saboeira de Inhambane, neste caso o bagaço, é processado através da secagem e entregue a um dos seus maiores clientes, a Companhia Industrial da Matola (CIM), como matéria-prima para a produção de ração animal.

Produtos e serviços oferecidos

A Saboeira de Inhambane, através da sua subsidiária, localizada no Porto da Matola, na província de Maputo, Conut Organics, opera em zonas já contaminadas, quer em terra quer no mar.

A empresa faz limpezas de máquinas pesadas, que, geralmente, sofrem derrame de óleos durante a sua manutenção ou troca de óleos e filtros. O processo é feito com recurso a absolventes fabricados localmente pela firma.

Para além da higienização de máquinas pesadas, a Conut Organics dedica-se, também, à limpeza de separadores, recolha e tratamento de solos contaminados. Este serviço é prestado à escala nacional, através de uma equipa devidamente treinada e capacitada.

No seu portfólio inclui-se, ainda, o fornecimento de absorventes orgânicos para óleos e químicos, kits para limpeza de derrames, serviços de biorremediação, serviços de solidificação de resíduos líquidos e perigosos com recurso ao Conut Zorb, assim como de equipamentos diversos para áreas industriais, tais como botas, capacetes, luvas, medidores e réguas para gasolineiras, entre outros.

"A nossa empresa só actua mediante solicitação. Temos uma equipa de resposta para tal. O nosso primeiro cliente foi a empresa Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), aquando do descarrilamento do comboio de combustíveis em Goba.

 

Desafios e perspectivas

Rui Jubileu Machiza referiu que a empresa enfrentou grandes desafios durante o processo de sua implantação no mercado, até que, em 2017, conquistou o prémio “PME Revelação e Inovação”, na Feira Internacional de Maputo (FACIM), e, no mesmo ano, arrecadou o de "PME Melhor Exportadora", na 6ª edição do Prémio "100 Melhores PME", da iniciativa do Ministério da Indústria e Comércio, através do Instituto para Promoção de Pequenas e Médias Empresas-IPEME.

Apesar de o início da actividade ter sido meio conturbado, a Saboeira de Inhambane orgulha-se do facto de os seus produtos serem comercializados nos mercados interno e externo.

Sobre as perspectivas do mercado, Rui Jubileu Machiza fez saber que a empresa tem estado a considerar as tendências do mercado e as suas oportunidades. É neste sentido que prevê, a médio prazo, expandir o negócio, abrindo uma sucursal no Porto da Beira, com vista a fornecer soluções ambientais.

“Porque os nossos serviços incluem limpezas de derrames, tanto em terra, como no mar, esperamos expandir o negócio ao nível nacional”, concluiu.