Standard Bank considera o desenvolvimento humano e de infraestruturas essenciais para uma recuperação económica sustentável
Moçambique regista uma recuperação lenta do crescimento económico, afectado pelos efeitos da pandemia, do choque mundial do preço dos combustíveis na sequência da invasão da Rússia à Ucrânia, bem como da exposição do país aos choques climáticos recorrentes, de acordo com o economista-chefe do Standard Bank, Fáusio Mussá.
Neste contexto, a estabilidade macroeconómica em Moçambique tem requerido alguma contenção, caraterizada por uma política monetária apertada, para ajudar a manter a estabilidade da moeda e conter a inflação. Observa-se também um espaço limitado da política fiscal para apoiar a aceleração económica, uma vez que a despesa de investimento mantém-se relativamente baixa.
O economista chefe do banco considera ainda que o investimento esperado nos recursos naturais, pode acelerar o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), para níveis acima de 5% nos próximos anos, de uma média pouco abaixo dos 3% entre 2016 e 2022.
Isto significa que muito provavelmente o PIB passa a crescer acima do crescimento populacional.
“Do ponto de vista da sustentabilidade da recuperação económica, é importante que o crescimento seja mais inclusivo e que se traduza em desenvolvimento humano”, frisou o economista chefe do Standard Bank.
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), publicado pelas Nações Unidas, que mede um conjunto de dimensões incluindo a saúde (esperança de vida), o conhecimento (anos de escolaridade) e o padrão de vida (produto nacional bruto per capita) coloca Moçambique entre os países com menor desenvolvimento humano no mundo, ocupando a posição 185, num total de 191 economias.
É também importante que o País disponha de infraestruturas que apoiem a aceleração do crescimento económico e que sejam resilientes aos impactos cíclicos das mudanças climáticas.
Nesta edição 2023 do Economic Briefing, o painel de debate centrou-se à volta da discussão sobre o desenvolvimento de infraestruturas no sector da electricidade e estradas, como pilares para a sustentabilidade da recuperação económica.
Sobre este tópico, Fáusio Mussá considera que, dadas as limitações do Estado para financiar projectos de investimento à escala das necessidades do País, num contexto em que o rácio da dívida pública mantém-se acima de 100% do PIB, torna-se imperativo acelerar as reformas em curso, para tornar este sector mais atractivo ao investimento privado.
Moçambique tem implementado com sucesso um conjunto de projectos de infraestrutura, através de parcerias público privadas (PPP), para a geração de electricidade e para operacionalizar os corredores de desenvolvimento (Maputo, Beira, Nacala). A integração regional desta economia tem sido um pilar para viabilizar estes investimentos.
Como resultado, espera-se uma aceleração de reformas no âmbito do pacote de medidas para acelerar o crescimento económico e que o sector privado participe, activamente, nas oportunidades que o mercado apresenta, em diferentes escalas, na geração de electricidade e no desenvolvimento de infraestruturas.
Este é o décimo oitavo ano que o Standard Bank realiza o Economic Briefing, um evento que visa partilhar as perspectivas de evolução da economia com os seus clientes, e fomentar o debate sobre questões económicas com a sociedade.