Tropicalisa

1 de setembro de 2022

PARA EVITAR DESPERDÍCIO DE FRUTAS

Empresa produz polpa de fruta congelada, sumos e caldas

O congelamento de polpa de fruta é um método de conservação que preserva as características da fruta e permite o seu consumo no período entre as safras, tornando possível ao produtor a utilização das frutas que não atendam ao padrão de comercialização no mercado.

Uma das empresas que apostou nesta técnica é a Tropicalisa, que desde 2015 produz e vende polpa de fruta congelada, 100% natural, produzida com recurso a frutas mais maduras que não correspondem às exigências e padrões dos comerciantes.

A iniciativa é de Isabel Mandofa, que, em 2014, teve a ideia de aplicar a técnica, na província de Inhambane, quando explorava um pequeno estabelecimento. A jovem viria a criar a empresa em 2015, já na cidade de Maputo.

"Fomos os pioneiros na produção de polpa de fruta congelada. Antes, os consumidores que conheciam os produtos, dependiam do mercado sul-africano para a sua aquisição. Ou seja, importavam, enquanto, internamente, temos matéria-prima suficiente para instalar uma indústria", realça.

Isabel Mandofa explica que a criação da Tropicalisa visava a redução de perdas por parte dos produtores, vendedores e consumidores de frutas, através da aplicação de uma técnica fácil, que, acima de tudo, conserva as características químicas e orgânicas da fruta.

"Na verdade, o ponto forte do nosso negócio é trabalhar com fruta muito madura, que é algo que os mercados não querem porque, se não conseguem vender, a fruta deteriora-se com facilidade. Os consumidores preferem um produto tenro, uma vez que pode ser conservado por mais tempo em casa", explica.

Matéria-prima
Neste momento, a Tropicalisa produz polpa de fruta congelada, sumos e calda, usando como matéria-prima frutas da época, adquiridas aos produtores de diversos pontos do país. Recorre, igualmente, ao mercado sul-africano para a compra de frutas não abundantes internamente.

“Na época de uma determinada fruta, fazemos o maior stock possível para vendermos ao longo do ano, de modo a que tenhamos os produtos sempre disponíveis para o nosso cliente. É na época da fruta que fazemos mais aquisições porque o custo é menor e o tempo que nós temos de reaproveitar essa fruta é curto”, refere.

Segundo a nossa interlocutora, numa primeira fase, a Tropicalisa adquiriu a matéria-prima nos principais mercados do país, entretanto, para reduzir os custos, optou por fazê-lo junto dos produtores. "Passámos a adquirir o ananás em Muxúnguè (Sofala), a líchia na cidade de Chimoio (Manica), o morango em Namaacha (Maputo), a manga e a massala no distrito da Macia (Gaza)".

“Dificilmente vamos ao mercado porque, neste momento, com a introdução dos sumos, já conseguimos ter uma maior produção e um maior reaproveitamento da fruta, o que permite responder à procura, cada vez mais crescente”, frisa.

Processo de produção

Com um total de oito (8) trabalhadores directos, a empresa opera com três linhas de produção, nomeadamente polpas de fruta congelada (usadas para fazer sumos naturais, sobremesas e doces), sumos em garrafa (prontos para o consumo) e caldas (fruta inteira conservada num líquido).

“Cada produto tem o seu próprio método de produção. São 100% naturais, sem nenhum aditivoquímico. Para o caso dos sumos, só adicionamos água e açúcar, sem nenhum conservante e muito menos químico. Na produção da calda, usamos açúcar e água, mas também não colocamos nenhum corante ou químico. Trabalhamos com produtos sem químicos. Apostamos nessa linha (a de produtos naturais)”, enfatiza.

Falta de embalagens no mercado

Para Isabel Mandofa, o maior desafio da empresa, nesta fase, reside no facto de ter que importar as garrafas, uma vez que estas ainda não são produzidas localmente. Apesar deste "constrangimento", a Tropicalisa almeja introduzir novos produtos no mercado, também à base de frutas.

“Decidimos trabalhar somente com fruta. Podemos conceber novos produtos, mas serão à base de frutas, para não fugirmos à nossa linha", conclui.