Há, sensivelmente, dez anos, a adopção da cultura de design mobiliário, no país, era incipiente. Apercebendo-se desta lacuna, um grupo de arquitectos moçambicanos decidiu criar, em 2011, a Mobi, uma empresa mobiliária, com o propósito de preencher esse vazio no mercado nacional.

“Era uma nova experiência, pois começámos quase do nada, com as operações centradas no mobiliário de lazer. Com o decurso do tempo, fomos crescendo, com pequenos investimentos efectuados com recurso a capitais próprios”, lembrou Heleen Henriques, co-fundadora da empresa.

Consequentemente, surgiram oportunidades de investimento no segmento de mobiliário de escritório, o que levou a Mobi a estabelecer contratos com vários fornecedores, para atender à demanda, dando primazia ao design e à qualidade dos produtos.

Nessa altura, conforme explicou Heleen Henriques, havia uma notável falta de conhecimento sobre a cultura de design no mercado nacional: “Hoje em dia, essa situação foi ultrapassada, tendo a Mobi desempenhado um papel relevante na criação dessa cultura, no país. Agora, temos um mercado bastante vibrante. De uma procura utilitária, o mercado passou a ser sofisticado e caracterizado por uma procura de soluções originais e inovadoras”, enfatizou.

O crescimento da Mobi no mercado mobiliário nacional, particularmente no sector de mobiliário de escritório, bem como a aposta pela qualidade, seriedade e cumprimento dos prazos dos contratos, conquistaram a confiança das multinacionais do sector do Petróleo e Gás.

Das parcerias comerciais estabelecidas pela Mobi surgiram as multinacionais como clientes. Os clientes dos megaprojectos procuram por fornecedores de renome, que oferecem qualidade e garantia: "Coincidentemente a nossa oferta de produtos foi reconhecida e os clientes depositaram confiança nos serviços que prestamos”, referiu.

Grande parte dos produtos oferecidos pela Mobi são importados, através de fornecedores da África do Sul, Europa e Ásia. A mobiliária disponibiliza também opções de produtos contemporâneos a preços compatíveis com o poder de compra do mercado.

É distribuidora exclusiva de várias marcas de renome. A sua oferta de produtos é de design original, de alta qualidade e satisfaz as tendências actuais. A selecção dos seus produtos abrange desde o design clássico moderno ao design actual.

MERCADO INSTÁVEL

Entretanto, nas suas operações tem-se debatido com dificuldades de vária ordem, causadas por factores socioeconómicos.

“Operamos num mercado instável sujeito a fortes choques socioeconómicos que afectam negativamente a confiança do mercado. Mais, a distância física entre o mercado e os nossos fornecedores é um factor que influi directamente sobre o cumprimento dos prazos de entrega dos produtos, incluindo os custos de aprovisionamento”, indicou.

Apesar dos impacto negativo da pandemia da Covid-19 na economia em geral, em 2020, as vendas da Mobi demonstraram um desempenho positivo. Entretanto, em 2021, registou uma redução no volume das vendas.

“As quedas em 2021 estiveram aliadas à queda de confiança no mercado, devido aos choques na economia, assim como aos ataques terroristas no Norte do país, à Covid-19 e aos efeitos das mudanças climáticas”, explicou.

Para fazer face à redução do volume de vendas, por forma a garantir a sustentabilidade do negócio, a Mobi adoptou uma estratégia de redução nos custos operacionais, nomeadamente os custos com pessoal, aquisição de novos inventários e de serviços e bens de terceiros.

“Tivemos que aprender a reagir rapidamente. Estamos distantes dos nossos fornecedores, localizados na Europa e Ásia, o que se manifesta no atraso da chegada das encomendas, encarecendo as operações e o negócio, em geral”, concluiu.

SETE MILHÕES DE METICAIS PARA ACELERAR O NEGÓCIO

A Mobi foi vencedora de uma das três categorias do concurso "Acelere o seu negócio", cujo prémio, no valor de 7 milhões de meticais, está a ser investido na implementação do plano de negócio elaborado e apresentado no decurso da competição, destinada a apoiar o crescimento das Pequenas e Médias Empresas (PME).

Criada em 2011, a Mobi emprega 18 colaboradores e tem por objectivo constituir-se um fornecedor de referência para quem procura as tendências em design no ramo de mobiliário, no mercado nacional.

“O prémio estimulou-nos a impulsionar o pensamento crítico sobre como usá-lo para crescer e gerar rendimento”, referiu Heleen Henriques, acrescentando que "o concurso promovido pelo banco levou-nos a analisar o historial da empresa e perceber de onde viemos e aonde queremos chegar”.

Durante o concurso, segundo a gestora da Mobi, foi possível aprender sobre como preparar um plano de negócio, bem como elaborar a apresentação da empresa a potenciais investidores.

“Vimos o quão necessário é analisar/avaliar regularmente a estratégia do negócio e que esta análise deve ser formalizada em forma escrita e auto-avaliada continuamente. Reconhecemos o nosso desempenho até à data e constatámos que temos as bases necessárias para fazer crescer o nosso negócio”, concluiu Heleen Henriques.